Leitura estimada: ~8 minutos • Atualizado para decisores de TI e segurança
Entenda, de forma prática, o que são SOC, MDR e SOAR, as diferenças entre eles, quando adotar cada um e como essa tríade pode reduzir riscos, tempo de resposta e custos de incidentes de segurança.
Por que falar de SOC, MDR e SOAR agora é fundamental para a segurança do negócio?
O cenário de ciberameaças evolui em velocidade recorde. Enquanto sua empresa amplia a superfície de ataque com cloud, mobilidade, APIs e integrações, os adversários profissionalizam táticas (phishing sofisticado, living off the land, ataque a supply chain, ransomware-as-a-service). Nesse contexto, três siglas se tornaram pilares da defesa moderna: SOC, MDR e SOAR.
Em linhas gerais, o SOC fornece a “sala de controle” — uma operação contínua de monitoramento, detecção e resposta. O MDR estende essas capacidades como um serviço gerenciado, agregando inteligência, cobertura 24×7 e especialistas. Já o SOAR acelera e padroniza a resposta por meio de automação e orquestração de playbooks. Juntos, eles encurtam o tempo de detecção (MTTD) e o tempo de resposta (MTTR), reduzem impactos e criam resiliência.
Este guia foi pensado para decisores de TI e Segurança, traduzindo o jargão técnico em critérios práticos de decisão e execução — sempre com foco em retorno ao negócio.
O que é um SOC (Security Operations Center) e qual é sua função no dia a dia?
O SOC é uma função organizacional e/ou um time dedicado a monitorar, detectar, investigar e responder a incidentes de segurança. Ele combina pessoas, processos e tecnologia (SIEM, EDR/XDR, NDR, CASB, UEBA, entre outros) para manter vigilância contínua sobre os ativos, dados e usuários.
Principais responsabilidades de um SOC:
- Monitoramento 24×7 de eventos e alertas de múltiplas fontes;
- Triagem e correlação para reduzir ruído e priorizar o que importa;
- Investigação de alertas (coleta de evidências, hipóteses, escopo);
- Resposta a incidentes (contenção, erradicação, recuperação);
- Intelligence (uso de threat intel para antecipar e enriquecer detecções);
- Governança (runbooks, comunicação, pós-incidente, melhoria contínua).
Empresas maiores tendem a operar SOCs internos. Já organizações em crescimento podem optar por co-managed SOC ou serviços gerenciados para equilibrar custo, maturidade e velocidade.
O que é MDR (Managed Detection and Response) e por que ele vai além do monitoramento?
MDR é um serviço gerenciado que combina tecnologias avançadas (especialmente EDR/XDR) com analistas experientes para detectar, investigar e responder a ameaças em seu ambiente, continuamente. Diferente de um contrato de monitoramento simples, o MDR assume responsabilidade por agir: isolar endpoints, bloquear processos maliciosos, orientar contenção e acelerar remediação.
O que normalmente compõe um MDR:
- Implantação acelerada de sensores/agents (EDR/XDR) e conectores;
- Hunting proativo (busca de ameaças sem depender apenas de alertas);
- Detecções guiadas por casos de uso e inteligência de ameaças;
- Resposta 24×7, com analistas executando ações de contenção;
- Relatórios executivos e recomendações de hardening.
Para empresas sem equipe grande de segurança, o MDR encurta a jornada de maturidade e entrega time-to-value rápido, sem investimentos pesados iniciais.
O que é SOAR (Security Orchestration, Automation and Response) e como a automação ajuda?
SOAR é a camada de orquestração e automação que conecta suas ferramentas (SIEM, EDR/XDR, firewall, IAM, e-mail, ticketing etc.) a playbooks reproduzíveis. O objetivo é padronizar a resposta, reduzir esforço manual e diminuir MTTR com consistência.
Exemplos de playbooks SOAR:
- Phishing: extrair indicadores (remetente, URLs anexos), bloquear domínio, colocar usuário em watchlist, abrir ticket e notificar;
- Credenciais vazadas: invalidar sessões, forçar reset de senha, elevar MFA, alertar gestor;
- Ransomware em endpoint: isolar máquina via EDR, bloquear hash, coletar artefatos, acionar equipe de resposta.
Na prática, o SOAR libera analistas do trabalho repetitivo e eleva a qualidade da resposta, além de evidenciar compliance e governança por meio de trilhas de auditoria.
SOC vs MDR vs SOAR: quais são as diferenças na prática e eles se complementam?
Embora apareçam juntos em debates de segurança, SOC, MDR e SOAR não são sinônimos. Eles se complementam em escopo e modelo de entrega:
Comparativo prático: SOC vs MDR vs SOAR
Critério |
SOC |
MDR |
SOAR |
Natureza |
Função/Operação |
Serviço gerenciado |
Plataforma de automação |
Foco |
Monitorar, detectar e responder |
Detectar e responder 24×7 com especialistas |
Orquestrar e automatizar playbooks |
Equipe |
Interna (pode ser co-gerenciada) |
Time do provedor + cliente |
Operada por SOC/MDR |
Benefício-chave |
Visibilidade centralizada |
Resposta rápida especializada |
Agilidade e consistência na resposta |
Quando usar |
Ambientes com alto volume de eventos |
Organizações sem cobertura 24×7 ou equipe madura |
Quando a operação precisa escalar e padronizar |
Conclusão prática: é comum adotar MDR para ganho rápido de capacidade, operar (ou co-operar) um SOC para governança contínua e acoplar SOAR para automatizar respostas e reduzir fricção. A combinação depende da maturidade e do orçamento.
Como saber se minha empresa realmente precisa de SOC, MDR e/ou SOAR neste momento?
Nem toda organização precisa de tudo ao mesmo tempo. Use os sinais abaixo para priorizar:
- Volume de alertas e ruído: se seu time está sobrecarregado, MDR e SOAR podem aliviar rapidamente;
- Janela de cobertura: sem 24×7, o risco fora do horário comercial é significativo — MDR cobre essa lacuna;
- Superfície de ataque em expansão: múltiplas clouds, endpoints remotos, integrações SaaS indicam necessidade de SOC (visibilidade) e SOAR (padronização);
- Regulatório/Compliance: setores regulados tendem a exigir processos e trilhas de auditoria (SOC + SOAR);
- Histórico de incidentes: ransomware ou fraude recente justificam aceleração com MDR e playbooks SOAR.
Regra simples: se você precisa aumentar capacidade e reduzir MTTR rapidamente, comece por MDR. Se precisa governar e integrar a operação, fortaleça o SOC. Se deseja escala, consistência e rapidez, adote SOAR.
Como escolher a solução ideal e garantir uma implementação que gere valor?
O sucesso nasce de escolhas pragmáticas e execução disciplinada. Considere estes passos:
1) Quais são os objetivos de negócio e KPIs de segurança que devemos perseguir?
Defina metas mensuráveis: redução de MTTD/MTTR, cobertura 24×7 em X dias, criação de Y playbooks críticos, diminuição de falsos positivos em Z%.
2) Quais integrações e fontes de dados são críticas no Day-1?
Mapeie SIEM/EDR/XDR, firewalls, AD/IAM, e-mail, APIs de nuvem e aplicações core. Adoção de SOAR depende de conectores sólidos.
3) Quem faz o quê? (RACI claro entre time interno e parceiro)
Defina responsabilidades: triagem nível 1/2, mudanças em firewall, comunicação executiva, gestão de crises, governança de runbooks.
4) Como mediremos ROI e maturidade ao longo do tempo?
Crie um scorecard trimestral: uso de playbooks, incidentes por categoria, tempo de resposta, lacunas de cobertura, recomendações implementadas.
5) Como treinaremos pessoas e manteremos melhoria contínua?
Combine simulações (purple team), capacitações, pós-incidentes e revisões de arquitetura. Automação não substitui aprendizado: ela o potencializa.
O que é melhor: SOC ou MDR — e posso ter os dois ao mesmo tempo?
Não existe “melhor” universal: depende de objetivos, budget e maturidade. Muitas empresas adotam MDR para obter resposta 24×7 rápida e operam (ou co-operam) um SOC para governança e visibilidade ampla. Essa combinação é comum e eficaz.
SOAR substitui o SOC ou o MDR, ou ele só automatiza o que já existe?
O SOAR não substitui SOC/MDR; ele multiplica eficiência, padroniza a resposta e reduz erros humanos. Sem processos e detecções, a automação não entrega valor. Com um SOC/MDR funcionando, o SOAR acelera tudo.
Qual é o custo médio de SOC, MDR e SOAR e como justificar o investimento?
Custos variam por escopo (número de endpoints/usuários/logs), SLAs, integrações e cobertura. A justificativa vem do custo evitado (paradas, multas, resgate), do tempo economizado (menos MTTR) e da resiliência (recuperação mais rápida e menos impacto reputacional). Um bom parceiro ajuda a montar o business case com dados do seu ambiente.
Pequenas e médias empresas também se beneficiam de MDR e SOAR, ou é só para grandes?
PMEs se beneficiam, especialmente de MDR (cobertura 24×7 e time especializado) e de playbooks SOAR para casos críticos (phishing, credenciais comprometidas). O segredo é dimensionar o escopo e priorizar integrações de maior risco.
Quanto tempo leva para ver resultado com MDR e SOAR depois da contratação?
Implementações bem planejadas podem entregar ganhos nas primeiras semanas (queda no MTTR, triagem mais assertiva). A maturidade se solidifica nos meses seguintes, com expansão de casos de uso, hunting e playbooks adicionais.
Qual é o papel de XDR/EDR nesse ecossistema e por que ele aparece tanto?
EDR/XDR é a fonte de telemetria e o “braço” de resposta em endpoints/servidores, muitas vezes integrado ao MDR. Sem boa visibilidade e capacidade de isolar/quarentenar, a resposta fica lenta. Por isso, XDR/EDR é tão citado.
Posso começar pelo SOAR para “resolver tudo” com automação?
Evite começar pela automação pura. Primeiro garanta fontes de dados confiáveis, casos de uso e processos (via SOC/MDR). Depois, acople o SOAR para acelerar e padronizar o que já funciona manualmente.
Como medir se minha estratégia SOC MDR SOAR está funcionando de verdade?
Acompanhe indicadores como MTTD, MTTR, taxa de falsos positivos, cobertura 24×7, número de playbooks ativos, tempo de contenção e reincidência por categoria de incidente. Revise trimestralmente com seu parceiro.
Qual é a melhor forma de combinar SOC, MDR e SOAR para o meu contexto?
Não existe receita única, mas há um padrão que funciona bem para a maioria:
- Ganhe cobertura rápida com MDR para resposta 24×7 e especialistas;
- Estruture governança com SOC (interno, co-gerenciado ou do parceiro) e amplie fontes de telemetria;
- Escale eficiência com SOAR, automatizando playbooks críticos e integrando ferramentas.
Essa trilha reduz MTTR, formaliza processos e constrói resiliência. O resultado é um programa de segurança que sustenta crescimento e inovação — com previsibilidade.